terça-feira, 7 de maio de 2013

Primeiras imagens do fundo do Oceano Atlântico Sul são divulgadas

Algumas das imagens feitas a 4,2 mil metros de profundidade, onde ninguém esteve antes. Cientistas japoneses e brasileiros, entre eles dois pesquisadores da Universidade do Vale do Itajaí | Univali, estão vasculhando o leito do mar a bordo de um super submarino e explorando uma das regiões mais desconhecidas do planeta.

sábado, 4 de maio de 2013

Expedição Iata-Piuna. Encerramento

Após o mergulho em Coral Gardens, o Npq Yokosuka encontrou mais uma boa oportunidade para explorar a Elevação do Rio Grande no dia 2 de maio. Antes disso a região chamada de "Pockmark" foi explorada pela câmera rebocada (Deep Tow Camera) pois novamente as condições climáticas não eram seguras para a operação do Shinkai 6500. Assim, o último mergulho antes da nossa partida definitiva para o Brasil ocorreu em uma localidade chamada "Granito", local onde tinha-se uma expectativa de se confirmar a presença de rochas continentais no meio do oceano.


O último aquanauta foi o Dr. Hiroshi Kitazato, o chefe científico e um dos mentores da expedição "Iata-piuna". Viu-se mais um belo mergulho, com muita vida e cenários surpreendentes, além de muitas amostras biológicas e geológicas. O dia seguinte, já com  NPq Yokosuka navegando com potência máxima rumo a Baía de Guanabara, foi de atividade intensa e focada na organização de toda a informação e amostras coletadas ao longo dos 7 mergulhos realizados além dos perfís de deep tow.


Mas ao cair da tarde, há poucas horas da cidade maravilhosa, o Yokosuka parou e ofereceu a todos uma "churrasco" de confraternização e de celebração desta primeira etapa da expedição ”Iata-piuna". Um momento de muitas fotos, homenagens e abraços. Uma oportunidade de reflexão não apenas dos feitos científicos, pioneiros na história das ciências marinhas do Brasil, mas também das lições de companheirismo, eficiência, solidariedade, simplicidade e amizade que esse grande povo nos ofereceu.


Amanhã estaremos no Rio de Janeiro, onde encontraremos autoridades de diversos segmentos da administração dos dois países e também da mídia. Estaremos prontos para contar e mostrar o que vimos e fizemos. Mas acima de tudo externar nossa expectativa de que esse não seja o fim, mas sim o começo de uma era de exploração das profundezas do Atlântico Sul.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. Jardim dos Corais

São 9h da manhã (8h no Brasil) e o Shinkai 6500 está se preparando para o primeiro mergulho na Elevação do Rio Grande. É a vez do professor e pesquisador da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Jose Angel Alvarez Perez, explorar o ponto chamado de "Coral Garden" devido a expectativa de se encontrar concentrações de corais de águas profundas nessa área. Às 11h o submersível toca o fundo do canyon a 1.251 metros de profundidade e encontra-se em uma temperatura ambiente de 3,2°C. Seguindo o plano, inicia o processo de coleta de água e de sedimentos com nove testemunhos, processo vigiado por três grandes enguias (Família Synaphobranchidae) que se a aproximam atraídas pela luz.


Cumprida a primeira missão o Shinkai inicia a subida da encosta do canyon onde paredes rochosas quase verticais se elevam formando grandes precipícios. Paredes estas recobertas por corais reluzentes de forma arborescente e que são o habitat de muitas outras espécies, um verdadeiro jardim sustentado pela corrente que traz alimento para todas as formas de vida. No topo da colina o ambiente se transforma num "planalto" de fundo rochoso onde a corrente é ainda mais forte fluindo em direção ao borde do canyon. Apenas pequenos corais são observados além de muitos peixes, lagostas, caranguejos, esponjas e ouriços.


Às 17h o Shinkai volta a superfície carregado de ideias e amostras que podem revelar mais sobre a diversidade e sobre como a vida é possível no topo dessa grande montanha submersa do Atlântico Sul. Angel Perez mal consegue acreditar na riqueza de vida que teve a chance de presenciar, e recebe seu merecido banho de água fria, o "batismo" de mais um cientista a observar, pela primeira vez, e com os próprios olhos, o mar profundo.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. De volta a Elevação do Rio Grande


Predestinado a completar sua missão o NPq Yokozuka amanheceu na rota da Elevação do Rio Grande em um último esforço para conseguir dados nessa área, tão importante para o projeto cruzeiro Iata-Piuna. As 16h atingiu a posição do ponto de mergulho chamado de "Coral Garden" (Jardim de Coral) sobre a Elevação do Rio Grande que inclui a exploração e uma das "paredes" do canyon central. Este ponto foi inicialmente selecionado pois estudos anteriores realizados pelo Serviço Geológico Brasileiro teriam apontado para a presença de corais de profundidade (ou corais de águas frias).


Assim procedeu-se imediatamente a realização de linhas de mapeamento com a sonda multifeixe e consequentemente a descrição completa da topografia do fundo e consequente revisão do plano de mergulho a ser realizado amanhã. A ideia é descer ao ponto mais profundo do canyon (1200 m) e prosseguir rumo Norte subindo a parede lateral do canyon até sua borda a 600m de profundidade, um dos pontos mais rasos da Elevação do Rio Grande.


Para essa missão foi escalado o professor e pesquisador da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Jose Angel Alvarez Perez, que tem se dedicado ao estudo da Elevação no âmbito do projeto Mar-Eco Atlântico Sul (Censo da Vida Marinha) e em parceria com o Serviço Geológico Brasileiro (CPRM). O mergulho depende ainda de uma confirmação das condições climáticas apenas possível algumas horas antes do horário planejado para o mergulho. Mais uma vez a expectativa toma conta da equipe de cientistas a bordo do Yokozuka.

Lego tem versão do Shinkai 6500 para colecionadores


Em fevereiro de 2011, colecionadores japoneses de Lego foram surpreendidos com um lançamento exclusivo no país. Era uma réplica do Shinkai 6500, submarino tripulado que chega a 6,5 mil metros de profundidade para estudar o fundo do mar. Com 413 peças, o submarino, com produção limitada de 10 mil unidades, foi um marco nos 79 anos de história da Lego. Pela primeira vez, a concepção do brinquedo não saiu dos portões da sede da empresa, na pequena Billund, cidade de cerca de 10 mil habitantes no sul da Dinamarca. O lançamento da versão do Shinkai 6500, para montar, foi fruto do engajamento e da criatividade dos fãs da Lego e do Shinkai.


Tudo começou no Cuusoo.com, site colaborativo que reúne, divulga e vende ideias de novos produtos a empresas como Nissan e Sony. Funciona assim: os usuários entram com as sugestões, que são submetidas a votação pelos membros. O Cuusoo apresenta as ideias mais votadas aos parceiros, que decidem se as lançam em escala industrial, pagando uma porcentagem do lucro ao criador. Foi o que aconteceu com o Shinkai. O projeto do usuário conhecido apenas como @guy ganhou o apoio de 10 mil membros. A Lego abraçou a causa e lançou seu primeiro produto oficial criado por um fã. O submarino foi um novo passo de um caminho que a empresa vinha traçando desde meados de 1998. Ao abrir a porta para a inventividade dos fãs, a Lego se recriou. E chegou a um patamar de lucro e relevância em que nunca havia estado.

A informação é daqui.

domingo, 28 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. Pausa nos mergulhos

Infelizmente, o tempo deu indícios de que iria piorar no final do dia. Assim, o mergulho de número #1338 do aquanauta/cientista japonês - Takashi Toyofuku foi cancelado. Tal ação era necessária, uma vez que a segurança da operação é ponto primordial. Apesar disto, o grupo de operação japonês se prontificou a colocar no local de mergulho uma "Deep Tow Camera" (DT), equipamento rebocado pela embarcação que coleta imagens. Assim, o DT foi colocado na água e desceu (40m/min.) por meio de um cabo eletromecânico (com fibra óptica) até aproximadamente 3.200m.


A proposta era dar continuidade ao transecto iniciado no dia anterior. Desta forma, teríamos o perfil completo (4200-2210m) também daquela região da Dorsal de São Paulo, o que incrementa nosso conhecimento a diversidade biológica e a formação geológica daquela região.


Após quase 5h de operação foram percorridos 3,7km ao longo de uma elevação de cerca de 1.200m. Foi observada uma paisagem com grande areas de fundo sedimentar, nas quais puderam ser encontrados camarões, peixes, ofiuroides e corais ao longo da subida. Algumas amostras de corais puderam ser recuperados por meio de uma pequena draga lançada pelo DT no final do percurso.


Após a recuperação do equipamento, o navio Yokosuka iniciou o seu deslocamento para a Elevação do Rio Grande. Esta viagem demorará pouco menos de um dia, tempo este que a equipe abordo usará para dar continuidade nas análises do material já coletado, bem como fechar o planejamento para os próximos mergulhos.

sábado, 27 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. Quinto dia de mergulho

Devido as boas condições meteorológicas, pudemos novamente desde cedo nos organizar para um novo dia de mergulho. Apesar de grande parte dos cientistas ter ficado até tarde processando as amostras do dia anterior, o grupo estava a postos quando o geólogo Eugenio P. Frazão, do Serviço Geológico Brasileiro (CPRM), entrou no Shinkai 6500.


Desta vez, o local era ainda junto a Dorsal de São Paulo, entretanto 50km a oeste em relação ao primeiro ponto investigado. Novamente, a organização e precisão da equipe do Shinkai 6500, fez com que processo de mergulho iniciasse precisamente as 9h como nos demais dias. Uma vez colocado na água, o mesmo submergiu até 4.061m de profundidade em uma velocidade média de 50m/min.


Na base da Dorsal encontrou um fundo oceânico bem sedimentar, o qual apresentava marcas indicativas da presença de corrente forte naquela região (Ripple Marks). A principal massa de água no local/profundidade é Água Antártica de Fundo, a qual é bem gelada (0,6ºC). Apesar disto, os aquanautas não sofrem com a baixa temperatura, uma vez que os equipamentos dentro do submersível geram calor.

Além disso, os mergulhadores também vestem uma roupa especial anti-chamas que os protegem ainda mais do eventual frio. Um grande peixe se aproximou do Shinkai 6500 e foi registrado brevemente pelas câmeras de vídeo e foto. Especulamos se tratar da espécie Dissostichus eleginoides, a "merluza negra" que é um recurso pesqueiro de águas profundas nas montanhas submarinas do lado leste do Atlântico Sul Dorsal Walvis) e também do Oceano Antártico.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. Quarto dia de mergulho

Felizmente, mais um dia de sol e mar calmo, assim pudemos entrar no quarto dia de mergulho em seguida. A partir da discussão dos resultados obtidos nos dias anteriores, decidiu-se voltar em uma das áreas já exploradas. Esperava-se com este mergulho coletar mais amostras de alguns animais em um ponto específico já visitado no segundo dia de mergulho. Para tanto, ficou incumbido desta missão o cientista japonês - Koichi Ara (Universidade Nihon), o qual já morou no Brasil durante o seu doutoramento (Instituto Oceanográfico, USP).


Aproximadamente 1,5h após deixar a superfície, o Shinkai 6500 encontrava-se no fundo oceânico a 4219m de profundidade. Foi então que os habilidosos piloto e co-piloto do submersível, dirigiram o mesmo até local de interesse. A fim de facilitar a localização do alvo, além dos sistemas geoposicionamento havíamos deixado uma marca (peso com uma corda e pequena bandeira de plástico). No referido ponto foram coletadas amostras de água, a qual tem sido processada em todos os mergulhos para futuros estudos de microbiologia e metagenômica, desenvolvidos pelo pesquisador André Lima, da Univali.


Também animais, sedimento e rochas foram amostradas no local. De volta a embarcação, o Aquanauta do dia também foi recebido com um agradável e tradicional banho de água, pois também havia sido seu primeiro mergulho.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. Terceiro dia de mergulho

Terceiro dia de mergulho em seguida. A partir da amostragem realizada nos dias anteriores, decidiu-se manter a programação e completar o transecto junto a Dorsal de São Paulo. Desta vez o geólogo brasileiro, Adolpho Augustin (PUC-RS) representando a Petrobras foi o contemplado com a oportunidade de se tornar um Aquanauta. Após um mergulho de quase cinco horas, percorreram uma distância de aproximadamente 2km, desde 3100 até 2600m de profundidade.


No inicio do percurso foi observado um fundo oceânico com muitas rochas de tamanhos diversos, as quais são em grande parte constituídas por uma crosta de íons metálicos. Somente após deslocar cerca de 1km foi que Adolpho encontrou um local com fundo sedimentar, onde puderam ser observadas e coletadas amostras de sedimento (testemunho) e uma estrela do mar.


De volta ao navio foi recebido com entusiasmo pelos demais abordo, uma vez que esta havia sido sua primeira experiência como Aquanauta. Pouco mais de uma hora depois estávamos todos reunidos para discutirmos àquele mergulho e o do dia seguinte.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. Dorsal de São Paulo

Novamente um dia de mar calmo e propício ao mergulho. Assim, desde cedo a equipe de operação do Shinkai 6500 já trabalhava no acerto dos últimos detalhes para uma nova missão. Desta vez, o cientista japonês, Yoshihiro Fujiwara foi o protagonista junto aos piloto e co-piloto de mesma nacionalidade.


Apesar das amostras do primeiro mergulho terem sido processadas noite/madrugada afora, o pesquisador com experiência de mais de 40 mergulho estava pronto desde cedo. O ponto de inicio deste mergulho foi o mesmo do dia anterior.


Entretanto, desta vez o submersível ascendeu (4200-3300m profundidade) a Dorsal de São Paulo, cruzando desde a massa de Água Antártica de Fundo até a Água Profunda do Atlântico Norte.


Amostras de sedimento, água e animais foram coletados e processados ao longo da noite. Espera-se, para o dia seguinte, continuarmos no mesmo local e ainda subindo ao longo da coluna d’água.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. Primeiro mergulho

Dia histórico para a oceanografia brasileira. As 9h30 da manhã (8h no Brasil) descia pela primeira vez o Shinkai 6500 para exploração na nossa margem continental. Duas horas depois o Shinkai toca o fundo do Canal Vema, no sopé da Dorsal de São Paulo, a 4,1 mil metros de profundidade e numa temperatura ambiente de 0,6ºC.


Foram quatro horas de exploração de um território "lunar", e que garantiu a aquisição de uma infinidade de imagens, e algumas amostras valiosas de água, sedimento e alguns animais belos e raros como o octópode Grimpoteuthis.


No total nove horas de mergulho sob o comando científico do Dr. Paulo Sumida (USP) dentro do Shinkai e de toda a nossa equipe grudada nas telas do Yokosuka onde as imagens surgiam, via rádio, a cada 10 segundos. O trabalho com as amostras após a subida a bordo do Shinkai terminou na madrugada do dia 24, apenas algumas horas antes do próximo mergulho. Mal podemos esperar.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. Corrida contra o tempo



Hoje a corrida foi contra o tempo. As previsões indicam uma "janela" de mar calmo na área da Dorsal de São Paulo de aproximadamente 3-4 dias e precisamos atingir os pontos de mergulho o quanto antes. Passamos a manhã junto ao Shinkai acompanhando todos os testes e preparações para uma eventual confirmação do mergulho amanhã as 9h (8h no Brasil).


A melhor notícia é que o primeiro mergulho da expedição será realizado por um brasileiro. Paulo Sumida do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo será o cientista na tripulação do mergulho 1333 do Shinkai 6500 e portador de todas as nossas esperanças para obtenção das sonhadas amostras e imagens do leito marinho. Sorte para todos nós!

domingo, 21 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. Sala de máquinas e chá verde

O dia começou com uma visita guiada à sala de máquinas do RV Yokosuka. Dois motores de 3.000 HP que alimentam três geradores de energia e são instalados sobre sistemas anti-vibração e anti-ruído, elementos importantes para manter a comunicação com o submersível a melhor possível. Após a visita presenciamos uma "cerimônia do chá" preparada pelos cientistas japoneses e na qual todos pudemos participar e provar o chá verde. Mas o ponto alto do dia veio no meio da tarde quando atingimos a posição do "pockmark", um dos pontos selecionados para mergulho na ERG.


Ali passamos cerca de três horas realizando procedimentos de mapeamento com o sonar mutifeixe e também um perfil "sub-bottom" (SBP), tudo para melhor conhecer uma potencial área de mergulho e verificar a existência de possíveis exudações de gás, o que indicaria a provável ocorrência de comunidades quimiossintetizantes. Após essa tarefa seguimos curso a Dorsal de São Paulo, mantendo assim o plano original, determinado pelas condições meteorológicas. Temos a expectativa de chegar na noite do dia 22 e nos preparar para o primeiro mergulho no dia 23.

sábado, 20 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. Rumando para Dorsal de São Paulo

O dia foi de navegação com potência máxima num mar calmo e céu azul. Estamos nos aproximando da Elevação do Rio Grande e nossa mente está toda voltada às previsões de vento e ondas para os próximos dias. Estas apontam condições desfavoráveis sobre os pontos da Elevação do Rio Grande e que tendem a piorar entre os dias 26 e 27 com a formação de um ciclone neste quadrante do Atlântico Sul.


Com isso foi tomada a decisão de priorizar a Dorsal de São Paulo, na margem continental do Brasil que tem melhores condições climáticas para o mergulho com o Shinkai 6500. É um momento de grande frustração pois para alguns de nós a Elevação do Rio Grande era o ponto de maior interesse científico. Mas esses são os revezes do trabalho em alto mar, e ainda temos alguma chance de retornar a essa área após o dia 27 se as condições melhorarem. Vale a torcida de todos.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. Mudanças de planos



Mais um dia de navegação. Planos de mergulho montados e avaliados pelo Cientista-chefe da expedição – Dr. Hiroshi Kitazato. O tempo colaborou, abrindo sol e um dia com pouco vento, o que facilitou a navegação.


No Shinkai foram instalados/ajustados os equipamentos para a coleta de amostras e imagens. Entretanto, devido a previsão de tempo ruim para os próximos dias, iniciou-se a discussão de alteração do plano de trabalho.


É provável que não fiquemos os primeiros dias na Elevação do Rio Grande, como inicialmente programado. Ao contrário, especula-se irmos direto para a Dorsal de São Paulo, mas esta decisão somente será tomada no dia de amanhã.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. Planos de mergulho


Mais um dia de navegação, chegamos a 2/3 do percurso até a Elevação do Rio Grande. Felizmente, o mar e o vento acalmaram o que possibilitou que a embarcação imprimisse sua velocidade máxima (15 knt). Entretanto, o sol raramente apareceu deixando-nos reservado principalmente a parte interna do navio. O grande destaque do dia ocorreu durante a reunião científica, quando decidimos o nome dos Aquanautas (pesquisador embarcado no Shinkai 6500) e seus respectivos locais de mergulho.


Assim, um-a-um os cientistas brasileiros e japoneses tornaram-se responsáveis pela geração de um plano de mergulho, o qual será discutido no dia seguinte. Neste momento, uma mistura de satisfação, responsabilidade e ansiedade tomou conta dos pesquisadores. Assim, cada Aquanauta iniciou seu planejamento considerando o que se esperava observar no local, um conjunto de mapas, bem como a lista de equipamentos disponíveis no submarino. Isto mesmo, o Shinkai é um submersível muito versátil, que permite diferentes equipamentos sejam levados para os mais variados propósitos. Como exemplo, existem os braços mecânicos (manipulators) capazes de coletar rochas, cavar com pás específicas, ou ainda manipular os pushcores (cilindros para coleta de solo-testemunho). Além destes, estão ainda disponíveis câmeras de vídeo e fotográfica de alta resolução e garrafas/sacos para a coleta de água marinha.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. O treinamento

Navegação – Tivemos um dia cheio. Pela manhã houve um seminário onde o chefe das equipes científicas japonesa (Dr. Hiroshi Kitazato - Jamstec) e brasileira (Dr. Angel Perez - Univali) fizeram apresentações para os oficiais do NP Yokosuka e o equipe de engenheiros e pilotos do Shinkai 6500 explicando as motivações e objetivos da expedição.


À tarde fomos submetidos a uma sessão de treinamento para operação do Shinkai 6500 quando ouvimos uma palestra sobre as características do submersível, suas capacidades e seus equipamentos e procedimentos de segurança. Foi um alívio geral quando aprendemos que o Shinkai 6500 pode liberar uma boia carregando um longo cabo à superfície através do qual o navio pode trazer o submersível a bordo no caso de alguma pane em seus mecanismos de subida. Depois disso entramos no submersível para uma explicação de todos os equipamentos e sua operação.


Também foi o momento do "stress test" quando tivemos a entrada fechada e foi possível testar nosso comportamento dentro do ambiente interno que é mesmo muito pequeno e apertado (uma esfera com menos de dois metros de diâmetro). Todos ficamos impressionados com esse ambiente, mas felizmente todos os cientistas mostraram-se aptos para o mergulho. De fato alguns cientistas japoneses a bordo já têm em seu currículo mais de 40 mergulhos. O dia terminou com uma confraternização regada a saquê e muitos petiscos. Um momento de descontração e reflexão do trabalho que esta por vir. O vento recuou consideravelmente e navegamos por um Atlântico Sul mais gentil do que dos últimos dias.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. Navegação


Navegação – com o mar ainda um pouco agitado, a média de velocidade da embarcação foi mantida abaixo (10-12 knt) do seu máximo (15-16 knt). Apesar disto, já atravessamos o paralelo zero longitudinal (Meridiano de Greenwich) e cumprimos metade do percurso até nosso primeiro destino – Elevação do Rio Grande. Trata-se de uma vasta área, equivalente ao Estado da Bahia, gerada durante a formação do Oceano Atlântico. Entre suas características observa-se que sua profundidade é bem inferior (600m) ao do restante do oceano (4-5.000m). Além disso, diferentes correntes marinhas incidem na mesma e, resultados recentes tem indicada ampla diversidade biológica na região. Em nossa reunião científica foi decidido as estações onde serão realizados os mergulhos, bem como o percurso que o submersível (Shinkai) deverá seguir em cada um deles. Amanhã é um grande dia, pois os pesquisadores farão um “test-drive” no submersível ainda no deck no navio.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. Navegação


Navegação – Dia de navegação rumo a Elevação do Rio Grande – principal área de investigação nesta primeira “Pernada” da Expedição Iata-Piuna. Após duas reuniões científicas foram confirmados os locais de estudo, bem como o número de mergulhos. Entretanto, a colocação do submersível no mar depende diretamente do clima, somente sendo possível realizar os mergulhos em condições mais amenas (ondas até máximo 2 m). Portanto, o número efetivo de mergulhos/locais a serem realizados só saberemos quando chegarmos na Elevação. Hoje, infelizmente, o clima mudou um pouco e o navio está passando por uma área de instabilidade com ondas entre 2-4m. Espera-se para o próximo dia manutenção destas condições e, posteriormente melhora.

domingo, 14 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. O embarque



Embarque/Navegação - Partimos ontem pela manhã de Cape Town (África do Sul) e estamos na posição 32º45’S – 07º15’ e, rumando oeste a 15 nós de velocidade (30km/h). O tempo está ótimo mas deve piorar nos próximos dias. Esperamos chegar na área de trabalho entre os dias 20-21 de abril. Estamos nos adaptando a vida a bordo, mas por enquanto tudo muito bom e fácil. A comida é ótima e as acomodações confortáveis. Passamos os últimos dias conhecendo a todos os membros da equipe, desempacotando material e arrumando os laboratórios.


Também tivemos reuniões para a descrição das atividades científicas a bordo e discussão sobre os melhores locais para os mergulhos do Shinkai 6500 sobre a Elevação do Rio Grande e Dorsal de São Paulo. Já visitamos e observamos o Shinkai 6500 e pouco a pouco vamos conhecendo seus segredos (máquina maravilhosa). Tivemos apresentações e treinamentos de emergência a bordo, sempre com muita boa vontade de todos em traduzir para nosso time. Enfim a jornada começou e o que nos resta neste momento é preparação, planejamento e controle da ansiedade para o trabalho que está a frente.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Monitoramento da Expedição Iata-Piuna

Um sistema, desenvolvido por pesquisadores da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), permite o monitoramento da Expedição Iata-Piuna.


Pelo endereço http://simmam.acad.univali.br/site/expedicao/ é possivel acompanhar as coordenadas da embarcação e outros dados que são atualizados periodicamente.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Cientistas realizam expedição às profundezas do Atlântico Sul


Pesquisadores da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) integrarão a equipe de cientistas que participarão do cruzeiro Iata-piuna, entre os dias 9 de abril e 27 de maio, para exploração da margem continental brasileira e oceano adjacente. Na ocasião o grupo da Univali realizará estudos biológicos e geológicos de mar profundo na Bacia de Santos, Elevação do Rio Grande e Dorsal de São Paulo. A iniciativa será a primeira exploração da margem continental brasileira utilizando um submersível tripulado.

Iniciativa será a primeira exploração da margem continental brasileira utilizando um submersível tripulado

José Angel Alvarez Perez, um dos pesquisadores da Univali que integrarão o cruzeiro, explica que os objetivos da pesquisa levam em conta a necessidade de suprir a escassez de conhecimento da biodiversidade de ambientes profundos no centro do Atlântico Sul: “Este conhecimento é importante uma vez que pode revelar as possíveis conexões entre a diversidade das regiões profundas, desde a margem do nosso continente até a cadeia de montanhas meso-oceânicas”, relaciona.

Outro ponto importante, segundo o pesquisador, é o fato de montanhas submarinas de grande dimensão como a Elevação do Rio Grande poderem concentrar vida profunda não apenas sobre sua superfície, mas também na coluna de água centenas de metros sobre seu topo: “Como está localizada sobre uma vasta área oceânica pobre em nutrientes e produção biológica, essas áreas podem funcionar como um verdadeiro oásis marinho”, aponta.

Durante a expedição será utilizado o submersível Shinkai 6500, atualmente um dos poucos no mundo capaz de levar até três tripulantes seis mil metros abaixo da superfície do oceano, produzir imagens em alta resolução das áreas pesquisadas, além de coletar, por meio de braços robotizados, organismos de diferentes tamanhos e amostras de água e solo marinho.

O destaque da exploração deverá ser a pesquisa de microrganismos, sua diversidade e potencial tecnológico, como explica o pesquisador da Univali, André Oliveira de Souza Lima, que também integra a equipe: "Com o Shinkai estaremos presentes no local de coleta, o que favorecerá o processo de amostragem", explica.

Os resultados obtidos alimentarão o conjunto de informações já publicadas pelo grupo da Univali na área do projeto Mar-Eco Atlântico Sul, que têm atividades apoiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc).

O projeto fortalece, ainda, o grupo de pesquisa estabelecido como produto do Acordo de Cooperação Científica e Tecnológica entre os governos japonês e brasileiro em 1985 e ocorre por meio de Acordo de Implementação entre o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IOUSP), Serviço Geológico Brasileiro (CPRM) e a Japan Agency for Marine-Earth Science and Technology (Jamstec), coordenado pelo Ministério das Relações Exteriores e sob a interveniência do Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) e Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm).